terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cielo deu a volta por cima, mas o Brasil poderia muito mais...


César Cielo, orgulho de Popov, se emociona com o ouro histórico
O Brasil teve um impressionante 8º lugar no Mundial de Esportes Aquáticos deste ano, disputado em Barcelona na Espanha. Foram 10 medalhas ao todo, 3 de ouro, 2 de prata e 5 de bronze. Entre as douradas, a de César Cielo que o tornou o único tricampeão mundial dos 50m livre em toda a história da natação. O ex-nadador e ex recordista nessa modalidade, o russo Alexander Popov certamente ficou muito orgulhoso do feito do brasileiro. De quebra, Cielo ainda foi ouro nos 50m nado borboleta. Outra que certamente mereceu elogios do russo foi a brasileira Poliana Okimoto, campeã na maratona aquática de 10 km e medalha de prata na maratona aquática de 5 km, além de um bronze na disputa da modalidade por equipe.

As outras medalhas vieram com Ana Marcela Cunha (prata na maratona aquática dos 10 km e bronze na dos 5 km), com Felipe Lima (100m nado peito) e com Thiago Pereira (200m e 400m medley, onde os nadadores nadam os 4 estilos em uma mesma prova).

(Clique aqui e saiba tudo sobre o Mundial  de Esportes Aquáticos em 2013)


Poliana Okimoto exibe medalhas em ponto turístico em Barcelona
Tão impressionante, de forma positiva, quanto a colocação do Brasil na competição  é a modalidade passar
pela crise que passou no início do ano, de forma negativa. Imagina que César Cielo, esse mesmo nadador histórico e heroico que tanto orgulho nos deu, ficou sem clube no início do ano!!! O Flamengo encerrou sua equipe principal de natação no primeiro semestre de 2013, deixando desamparado este herói quase mitológico. Em São Paulo, foi o Corinthians quem deixou Thiago Pereira sem contrato e sem chão (ou sem fundo de piscina, se for mais adequado dizer assim).

Pela declaração do supervisor técnico da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA), Ricardo de Moura, a gente tem uma ideia de qual o quadro do esporte no país: "Dentro das circunstâncias, foi melhor do que nós esperávamos. Para começar o ciclo olímpico, foi ótimo. A figura que fica desse campeonato para mim é o trabalho em equipe. Nós tivemos muitos transtornos no início do ano. Mudanças de clube, falta de investimentos... As forças fora da piscina se juntaram. E espero que isso continue até 2016".   

Passatempo: clique na foto e encontre o orçamento para o esporte em 2012
Como assim "falta de investimentos"? Quer dizer que se as "forças da piscina" não se juntarem, a coisa não vai? Cadê aquela coisa que em todos os discursos de eleição (independente do partido dos políticos) de que "vamos investir mais no esporte" porque "o esporte é o caminho para tirar os jovens das drogas" e etc? No orçamento de 2012, o item "Desporto e Lazer" tem o gigantíssimo percentual de 0,12 % destinado ao seu funcionamento. Pela fatia que se vê (com algum esforço visual) no gráfico, parece que se pudessem, nem isso se investiria. Deve ser por isso que o Brasil perdeu para Cuba no quadro de medalhas do PAN realizado no Brasil (?????!!!!!!) em 2007. (Clique aqui e saiba tudo sobre o PAN) Uma ilha embargada comercialmente há décadas, deteriorada economicamente nos derrotou nesse e nos Jogos Panamericanos do ano seguinte, em 2011.

Ou seja, se o problema fosse só na natação, até que se dava um jeito. Todos os esportes sofrem com falta de patrocínio, de apoio, de dinheiro. Parece choro de perdedor (nos quadros de medalhas de Olimpíadas e etc.), mas este item também é importante para um país chegar naquele patamar de "desenvolvido". O esporte é parte da educação de um povo. Nossos empresários e demais entidades também poderiam se atentar a isso. Bom, eu prefiro, por enquanto, ficar com o choro de vencedor de César Cielo no pódio no último sábado, 3.

Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de futebol e MMA.     



Fontes: Wikipédia, site Globo.com, UOL Esportes e R7 Esportes / Blog do Lucas Pereira


4 comentários:

  1. Boa matéria. O esporte no Brasil e mais ainda na Bahia encontra-se esquecido. Para que consiga um patrocínio ou qualquer beneficio governamental o atleta já deve estar em evidencia e tendo bons resultados. Portanto, o esporte desde o nível de base, o esporte escolar, o esporte comunitário nunca foi culturalmente motivado no Brasil.

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  2. Concordo com o comentário de Renas Barreto, para o atleta conseguir patrocínio ele já tem que estar em evidência....o problema é ele conseguir se destacar, com certeza passam por muitas dificuldades. Vai rolar o filme sobre José Aldo, lutador de MMA que saiu da favela e hoje é dono de um cinturão do maior campeonato de MMA do planeta. Sabe-se lá o que ele passou até chegar aqui. O futebol parece ser o único esporte do Brasil, muitos campeonatos passa na tv aberta, mas os outros esportes só são transmitidos quando o Brasil tá disputando alguma final.

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  3. Na verdade o que falta é uma estrutura mais organizada para as modalidades do esporte(isso aconteceu também com os atletas da ginastica olimpica), não adianta só ficar na promessa, é necessário que se efetive incentivos para os esportes, porem todos nós sabemos que infelizmente nao funciona dessa forma no Brasil. O esporte não é prioridade

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  4. Parabéns pela matéria, Paolo!
    Precisamos ser ouvidos!
    Abraços.

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