terça-feira, 20 de agosto de 2013

Onda de "polêmicas homossexuais" invade o mundo dos esportes

Isinbayeva durante a pôlemica entrevista ao Sportv
Há cinco dias, a campeã mundial no salto com vara, Yelena Isinbayeva, considerada uma rainha em sua modalidade pelos feitos heroicos em mundiais e Olimpíadas, deu uma entrevista ao canal de TV por assinatura Sportv e causou alvoroço uma declaração sobre uma lei na Rússia em que homossexuais são proibidos de manifestarem comportamento que remeta às suas opções sexuais, sobre pena de prisão e tudo mais. A pergunta se deu por conta de que dois dos maiores eventos que envolvem o atletismo, o mundial realizado na semana passada e as Olimpíadas de inverno, tem sua realização deste ano no país, e o governo russo adiantou que não irá revogar a lei por conta da presença de atletas estrangeiros gays. Isinbayeva disse que atletas gays poderiam ir ao próximo evento mas que deveriam respeitar a lei do país anfitrião. Mostrou um tom homofóbico ao falar em nome da cultura de seu país, usando expressões em que dizia que o homossexualismo "é um problema" que os russos não tem e não querem ter e que na Rússia os homens são todos machos e as mulheres todas fêmeas (aqui grifo nosso), não havendo orientações diferentes da heterossexual em seu país. (Clique aqui e confira a polêmica entrevista de Isinbayeva ao Sportv!)

Claro que em nosso (pequeno) mundo ocidental onde a imprensa é ávida por polêmicas que façam as audiências e o 'titi' dispararem, as palavras da super campeã foram um prato cheio. Grupos gays e atletas homossexuais, especialmente entre os americanos, condenaram ao extremo a posição da Rússia e de sua mais famosa esportista na atualidade, chegando a haver quem pedisse à Casa Branca, em Washington, que saísse do armário e se posicionasse em defesa dos gays (uma bela saia justa capaz de atiçar as lésbicas de plantão, em outras palavras). Provavelmente patrocinadores que visualizaram prejuízos à imagem de sua atleta (como diria o Cris, "leia-se: temeram perder dinheiro") e ela por uma mais que livre e espontânea vontade (talvez um pouquinho de nada pressionada) voltou atrás em suas declarações se dizendo contra qualquer tipo de discriminação aos gays (Clique aqui e confira os detalhes desta declaração!)

Atletas russas se beijam em premiação
Parecia que tudo ia voltar à normalidade de sempre no mundo das coberturas esportivas: resultado disso, vitória daquilo, pódio de não sei quem, fiasco de fulano, lesão de beltrano, caixinha de fósforo e tal. Eis que depois de dois dias do furor gay instaurado nos comentários gerais com a força com que os homossexuais "ativos" musculosos agarram seus parceiros por trás, duas atletas russas vencem o revezamento 4x400 metros no Mundial de Atletismo em Moscou (detalhe de localidade importante), e comemoram com um beijinho na boca em plena premiação no pódio, com todas as câmeras da cobertura esportiva do planeta registrando tudo em fotos e vídeos. Se Kseniya Ryzhova e Tatyana Firova soubessem quanto romantismo o olhar sensacionalista do público era capaz de imprimir ao inocente gesto, teriam deixado as carícias amigáveis para um momento mais reservado (quem sabe à luz de velas, diriam as línguas mais maldosas). As duas atletas garantiram depois que são apenas amigas, que os beijinhos na boca são comuns em momentos de comemoração na Rússia, e em outros momentos de sociabilidade, e se disseram "humilhadas" pelo assédio da imprensa mundial. Qualquer hora aparecerão com seus "bofes" em público para mostrar sua feminilidade.

Sheik dá polêmico "selinho" que roubou a cena no Brasileirão
E o Brasil, como país das novelas em que o vilões são 'poderosíssimas' personagens,  não podia ficar de fora dessa. Semana passada, o atacante do Corinthians, Emerson Sheik foi comemorar que seu time conseguiu fazer um gol (evento raro digno de comemoração com champanhe na atual fase do time) na vitória do elástico placar de 1 a 0 sobre o Coritiba pela 15ª rodada do Brasileirão 2013, e deu um "selinho" na boca de um amigo. O jogador postou (como diria o pessoal de Salvador, "pra quêêê?") a foto numa das redes sociais do momento, o Instagram. Teve torcedor do próprio Corinthians se dizendo ofendido com o atacante, que é um dos heróis mais importantes da história do clube, fato que fez ele dar de "ré" (o povo estava indo nele sem "dó"), e dar uma declaração de desculpas por divulgar um momento tão meigo de sua vida íntima. Aproveitando a aura musical desse episódio, o grupo Teatro Mágico fez uma foto de apoio a Sheik em que um dos integrantes dá um beijo na boca do irmão. Os dois, por mera coincidência "mágica" estavam usando a blusa do Corinthians.

A imprensa especializada vai mostrando que é "entendida" em matéria de sensacionalismo e dá uma bela sentada (com todo prazer do planeta Terra)  no grande impacto imagético que ela mesma promoveu, enquanto vai fazendo a onda de "polêmicas homossexuais no esporte", por assim dizer, ganhar a força e os pontos de audiência que tanto perseguem todo santo dia. Mas com isso presta um serviço de desinformação e promove alterações no meio sobre o qual lança o nosso olhar. Não há homossexualismo demais nem de menos no esporte do que já havia antes de Isinbayeva declarar o que excita ou deixa de excitar o seu clitóris, a lei da Rússia não é nenhuma droga de novidade bem como a cultura de homofobia institucionalizada naquele país e não há, portanto, nenhum motivo para alarde, nem com as declarações, nem com com os beijinhos na boca que nenhum atleta ou integrante de grupo musical deu na boca de ninguém. Será que algum dia entraremos no século XXI (com vaselina que, segundo dizem, dói menos) de verdade e deixaremos de tratar o homossexualismo como um grande bicho de 7 cabeças, inclusive no esporte?

Lutadores de MMA vestidos de mulher
Pesquisando sobre uma notícia de um lutador de Jiu jitsu gay que teria massacrado um grupo de playboys que tentaram espanca-lo por conta de sua orientação sexual, não encontrei menção ao assunto, mas descobri uma matéria de 2009 em que dois caras foram agredir dois travestis na rua e se 'lascaram'. Os 'travecos', como se diz na gíria popular, eram na verdade dois lutadores de luta livre e MMA que estavam a caminho de uma festa à fantasia. (Clique aqui e confira a matéria!) Quem deu sorte de não se encontrar com esses aí foi o Ronaldo, pelo visto. Seria uma mancada "fenomenal" para os noticiários descascarem como uma banana grossa. Disso tudo, podemos tirar uma valiosa conclusão: é melhor deixar os gays, lésbicas, travestis, transexuais e etc. viverem com suas escolhas e com seus direitos humanos garantidos. Discriminar pode fazer você tomar naquele lugar. E com certeza vai doer! No bolso, na alma e no corpo.

Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de futebol e MMA.

Fontes: Wikipédia, Site Globo.com, Site esportes R7, Site Veja Abril, Blog Igualdade.com e Site Tecmundo                

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