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Corinthians tentando jogar futebol no jogo de ontem |
Mas rapaaaaaaz... o que foi o jogo de ontem entre Luverdense e Corinthians pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil? Quem era mesmo o time pequeno? Pelo futebol apresentado em campo, não foi de nenhum clube sediado no Mato Grosso. E olha que o "Timão" não pode reclamar que a culpa foi da arbitragem ruim ou do gramado fofo e mal cuidado, típico das periferias do capitalismo futebolístico em todo o planeta. Na boa, o Luverdense deu toda oportunidade para o alvinegrozão, poderoso e sublime, ditar seu ritmo na partida. Mas o grau de ineficiência do trabalho de meio de campo corintiano, com abundantes erros de passe e uma compactação do time mal feita, fez o atual campeão do mundo me lembrar da época em que joguei pelo dente de leite, na escolinha do Esporte Clube Bahia, quando ainda podia sonhar entre ser uma pessoa comum e um jogador de futebol. O desepmenho do timinho que eu jogava era mais ou menos nesse naipe que o clube paulista jogou ontem.
O vergonhoso 1 a 0 para o time matogrossense não teve nem em meio milímetro o mérito diminuído pelo fato de ter sido marcado irregularmente - aos 45 minutos o jogador do Luverdense matou a bola na mão dentro da área e "fuzilou" o gol de Cássio, esse mesmo que era "protegido" pela "melhor defesa do Campeonato Brasileiro 2013". O Corinthians (é desse time mesmo que estamos falando?) ainda teve o cara dos selinhos, Emerson Sheik, e o ex-heroi da Libertadores, Romarinho, expulsos em lances infantis. O primeiro substituiu Alexandre (que pagou mais um) Pato e se meteu em uma confusão com o capitão do Luverdense, o zagueiro Zé Roberto, sendo expulso junto com ele. Isso quando o "Timão" já estava com um a menos depois que Romarinho se cansou de perder bolas no meio de campo e fez duas faltinhas bobinhas sendo expulsinho do campinho. Mas a torcida corintiana, apesar da derrota, não tem o que lamentar. Afinal, além de ter ficado barato (o Luverdense teve outras oportunidades claras de marcar), ainda tem o jogo de volta no Pacaembu, na quarta da semana que vem para o time ser desclassificado e aí sim ter motivo verdadeiro para chorar.
Brincadeiras à parte, o jogo de ontem realizado no estádio Passo das Emas, na cidade Lucas do Rio Verde, mostra o alto grau de dificuldade do futebol brasileiro, especialmente na Copa do Brasil, aonde times considerados "medianos" ou até "pequenos", a exemplo do Paulista de Jundiaí, do Santo André e do Juventude de Caxias do Sul, já foram campeões do segundo torneio mais importante do Brasil - em cima de Fluminense, Flamengo e Botafogo, respectivamente. O inexpressivo Brasiliense, da capital do país, já chegou à final da competição, em 2002, batendo times grandes. E ainda teve o Treze da Paraíba e o Asa de Arapiraca, times que nunca chegaram nem na sombra da primeira divisão do brasileirão, desclassificando o Palmeiras em anos diferentes. E o mesmo Corinthians já chegou a ser goleado por um tal de Cianorte por 3 a 0, com direito até a gol de bicicleta marcado pelo atacante Márcio Machado, em 2005.
Mas isso também não muda um fato bem notado na partida de ontem: a aparente desgastada fórmula usada pelo Corinthians, que rendeu 5 títulos nos últimos 3 anos, peca por não favorecer a arte de fazer de gols, o que é (ou deveria ser) a característica principal do futebol brasileiro e do esporte em si. Como já disse outras vezes, de que adianta uma defesa quase impenetrável se o ataque parece estar sempre sendo "penetrado" pelas defesas adversárias? Mas, vamos falar agora dos jogos em que os times sabem fazer gols. Em jogo bem movimentado, o Cruzeiro bateu Flamengo por 2 a 1 e a agora, no jogo da volta, o time mineiro pode empatar por qualquer placar ou até perder por um gol de diferença de 3 a 2 para cima. O placar de 2 a 1 para o Flamengo é o único resultado que leva a decisão para os pênaltis. Ao Flamengo, resta vencer por 1 a 0 ou por qualquer placar com 2 gols de diferença para passar para a próxima fase.
Jogando em casa, no Maracanã, o Fluminense bateu o Goiás por 1 a 0 e agora, para chegar às quartas de final, pode empatar o jogo da volta por qualquer placar, ou perder por diferença de um gol de 2 a 1 para cima. O resultado de 1 a 0 para o time goiano é o único que leva a disputa da vaga para os pênaltis. Ao Goiás resta vencer o jogo por dois gols de diferença para se classificar. A situação dessa disputa é a mesma para o confronto da volta entre Santos e Grêmio. O time paulista também bateu o tricolor gaúcho por 1 a 0, jogando em casa, na Vila Belmiro. O Palmeiras ganhou do Atlético Paranaense pelo mesmo placar, 1 a 0, jogando em casa no Pacaembú, e tem as mesmas vantagens de Santos e Fluminense. Anteontem o Vasco bateu o Nacional do Amazonas por 2 a 0, jogando fora, no estádio Sesi, em Manaus. Na semana que vem, o time carioca joga em casa e pode até perder por um gol de diferença. Só o placar de 2 a 0 para o Nacional leva a disputa para os pênaltis. Ao time amazonense resta uma vitória por pelo menos 3 gols de diferença, ou por 2 gols de vantagem, de 3 a 1 para cima. (Clique aqui e veja como está o chaveamento da Copa do Brail 2013 e quais as partidas de hoje pela competição!)
O Corinthians bem que podia aprender com os outros times fazer gols, mas, sobre essa nobre arte parece que o "Timãozão" anda meio insensível nesta temporada.
Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de futebol e MMA.
Fonte: Site Globo.com
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