Tipo assim, em alguns times é preciso fazer um meio de campo no Campeonato Brasileiro deste ano. Literalmente falando! Os últimos jogos que tenho acompanhado, a dificuldade de times de alto investimento em seus elencos (a exemplo de Internacional, Atlético MG, Corinthians, entre outros) de sair com qualidade da defesa para o ataque é impressionante. Ontem o jogo entre Flamengo e São Paulo a emoção ficou por conta do "quaaaaase". Os dois times disputaram bastante quem errava mais passes e quando a bola passou perto do gol, houve um comovente sucesso na perda sumária de gols. O São Paulo mesmo se emocionou pacas! Depois de sofrer no primeiro tempo sem conseguir sair da defesa para o ataque, melhorou no segundo tempo, conseguiu num pênalti mais uma chance para Rogério Ceni aumentar seu índice de desperdício, mas o time preferiu dar a chance de Jadson perder. É justo, afinal de contas, se o time vai pessimamente mal, a queimação de filme tem que distribuída por igual. Seria mesmo egoísmo de Ceni querer toda a "glória" para si. Pelo menos o 0 a 0 não foi melancólico nesse jogo, embora a torcida sãopaulina continue deprimida e a do Flamengo esteja precisando dar um viagra para ver se o time "sobe" na tabela.
E o Bahia e o Vitória, pobrezinhos, seguem muito bem seus roteiros de "coitadinhos times do Nordeste" da competição. O primeiro não saiu da defesa para o ataque e junto com o Santos, que fez a mesma "não-coisa" e ambos conjugaram o verbo "não-jogar" com desenvoltura invejável: eu não-jogo, tu-não jogas, ele não joga, nós não-ganhamos (o "Baêa" há 4 jogos e o Santos há um mês!) e eles (a torcida) se decepcionam. Resultado, um melancólico (esse sim) 0 a 0, que deu vontade de assistir a segunda divisão do campeonato (pelo menos lá o Palmeiras faz 3 de pois de tomar 2 do Paysandu). Já o Vitória, no sábado, não quis perder sua honra viril com os famosos trocadilhos de salvador. Para evitar que os torcedores de times alheios (inclusive dos "vilões" de outros estados, identificados pela Rede Bahia) digam que "perdeu de 4" com o Cruzeiro "metendo as bolas" em seu gol, o time tomou logo de 5 a 1 e acabou com qualquer possibilidade, promovendo a mais legítima defesa de sua honra futebolística.
Também no sábado, seguindo essa tendência de ultra mega goleadas da rodada, o Fluminense ganhou do Náutico pelo elástico placar de 1 a 0. Na atual fase do time carioca, dá para dizer que foi uma "goleada histórica" sobre aquele que é o melhor time do campeonato, se virarmos a tabela de classificação de cabeça para baixo, claro. O Grêmio está operando um verdadeiro milagre na competição. Está conseguindo com que Barcos marque gols!!! Aleluia irmãos!!! O 'hermano', só neste sábado fez DOIS gols!!! É sem dúvida uma prova irrefutável da força do divino espírito santo. Bom para o time gaúcho, que bateu por 3 a 2 o Vasco fora de casa e se garantiu no grupo dos 4 primeiros colocados (o G4, os que se classificam para a Libertadores do ano seguinte).
Por isso, nem adiantou ontem o juiz dar um pênalti para o Corinthians, que, a exemplo do Fluminense no sábado, ganhou do Coritiba em casa pelo esmagador placar de 1 a 0. Seu ataque agora soma a impressionante quantidade de 14 gols em 15 jogos, com 6 gols a mais que o Náutico, que por uma coincidência enorme é o pior ataque do campeonato. Com essa vitória que muito encheu de orgulho a Fiel (vejam as carinhosas vaias que Pato recebeu ao deixar o campo durante sua substituição) e a eficientíssima arbitragem brasileira, o Timãozão chegou aos mesmos 25 (merecidíssimos) pontos do Grêmio, colado com os líderes, podendo até dizer (com algum esforço) que está na disputa pelo título. O Corinthians deveria deixar de pagar o Pato (literalmente) e fazer um investimento pesado no setor ofensivo como o Goiás, cujo gordinho Walter fez mais um golaço na vitória de 1 a 0 (outra super goleada da competição) sobre a Ponte Afro-brasileira. Placares igualmente elásticos nos jogos do Atlético Paranaense sobre o Criciúma (2 a 1) e mais ainda no jogo Internacional e Atlético MG, com um empataço de 0 a 0.
Duas notícias para o torcedor do Botafogo: uma má e uma boa. A má é que o time não sobe mais de posição na tabela, mesmo que ganhe em todas as rodadas até o fim do campeonato. A boa notícia é que o time é o líder da competição depois da vitória de 3 a 1 sobre a (pizza) Portuguesa. O destaque do time, o holandês Seedorf, é um destaque que faz o meio de campo do time carioca funcionar e provavelmente esse é o diferencial que faz com que seja o melhor do campeonato até aqui, juntamente com o Cruzeiro.
Fora essa pequena crise de meio campo, o que se observou na rodada (e em outras anteriores) é o estado de conservação dos nossos "tapetes" da Copa do Mundo do ano que vem. No jogo do Flamengo e do São Paulo, havia momentos em que ficava nítida a areia que pulava de forma inconveniente em alguns trechos do campo. O gramado do novo Maracanã também está uma "beleza" (de Creusa). Outras arenas moderníssimas e recém construídas também andam precisando de photoshop de areia verde para ver se pelo menos de longe no início dos jogos, de longe, ninguém nota algumas craterinhas de caráter lunar nos campos. Desde esse ponto de vista, não é só o meio de campo que tem que melhorar no futebol brasileiro. É o campo todo!
Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de futebol e MMA.
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Fonte: Site Globo.com
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