terça-feira, 27 de agosto de 2013

Estátua de Ayrton Senna deixa pergunta no ar: quando ressuscitará a emoção da F1?

Modelo da estátua de Senna
De acordo com o site Globo.com, Ayrton Senna, piloto da Fórmula 1 (F1) morto em um acidente no Grande Prêmio (GP) de San Marino, no circuito de Ímola, no dia 1º de maio de 1994, será homenageado com uma série de estátuas banhadas em ouro, que serão vendidas ao preço de R$ 2000,00 cada.  A reportagem do site não diz aonde será feito esse lançamento, mas adiantou que será em algum evento a ser realizado ano que vem para marcar os 20 anos do acontecimento da tragédia que tirou a vida daquele que foi um dos maiores pilotos de corrida de todos os tempos.

A homenagem ao tricampeão da F1 (1988, 1990 e 1991) deixa para o grande público uma incógnita que surgiu logo após sua morte e perdura até hoje. Parece que o brilho da F1 dos tempos de Senna morreu com o piloto naquela ocasião e não se sabe quando irá voltar. Não me refiro aqui ao público amante do automobilismo, esse povo mais elitizado que acompanha o circo da F1 aonde quer que ele monte seu picadeiro. Para esses, com certeza, o esporte nunca deixou de ser chamativo e interessante. Mas digo, aquele brilho que fazia as corridas serem comentadas de 15 em 15 dias, com as pessoas comuns, menos ligadas a esse universo específico, esse não foi mais visto.

Independente da questão de ter um brasileiro disputando ou não em pé de igualdade com os grandes da categoria, a sensação que fica é de que o esporte em si se perdeu em inúmeras mudanças de regras, que acontecem anualmente, e parece uma disputa mecanizada. Os seres humanos que estão pilotando não aparecem no primeiro plano para quem vê de fora e não tem aquela ligação mais apaixonada pelo esporte. Os carros é que disputam as corridas. O homem que dirige o aparelho mecânico e eletrônico deixou de ser o centro das atenções e a disputa ficou entre as máquinas que conduzem as pessoas à vitória.

Como numa Matrix em que os humanos foram engolidos por sua própria criação, a criatura se elevou de seu mero status de extensão dos sentidos e dos atributos de quem a concebeu para tomar o lugar de seu criador e ditar as regras do jogo. Ganha o carro que tiver a equipe com mais dinheiro para investir em tecnologia como o motor que tem uma potência maior. Claro, tem os mecânicos, os administradores (junto com os patrocinadores) e a competência dos pilotos. Sem os humanos ainda não há acontecimento digno de notícia, nem de natureza nenhuma, mas bem se vê que ganha o carro mais playboy entre todos os "mauricinhos", por assim dizer.

Carrão da RBR deixa a Ferrari "na poeira" na Bélgica
Veja o caso do alemão Sebastian Vettel. É sem dúvida um grande piloto, mas será que se não estivesse na poderosa equipe RBR, com um carrão miserável que deixa todos os outros comendo poeira, ele venceria o espanhol Fernando Alonso, da Ferrari, com a facilidade extrema que tem demonstrado nos últimos 3 anos? Vou ilustrar o grau da vantagem do alemão sobre o espanhol, e sobre todos os outros pilotos. Nos treinos para o GP Abu Dhabi, em novembro do ano passado, Vettel e equipe vacilaram e não deixaram uma quantidade de combustível suficiente para amostra obrigatória exigida pela Federação Internacional do Automóvel (FIA), entidade que organiza a F1. É uma espécie de "antidoping" do automobilismo. Como punição, o piloto da RBR foi obrigado a largar em último lugar.

Aí beleza largou em último lugar e tal, os concorrentes se animaram, aquela coisa. Na corrida, Vettel tentou ultrapassar o brasileiro Bruno Senna, que largou em 14º, e perdeu uma parte da asa dianteira. Voltou aos boxes e como o regulamento determina, a alteração na asa determinou seu retorno ao 24º e último lugar da competição novamente! Isso tudo na 9ª volta, num total de 55. Mesmo assim, Vettel terminou a corrida em 3º lugar, ameaçando o 2º colocado, Alonso, até o fim da corrida. Putz! Ele caiu para último duas vezes e ainda chegou a tempo de pegar o pódio?!! Pensa aí? Se não tivesse sofrido nenhuma punição, o finlandês Kimi Räikkönen, vencedor da prova, teria tida talvez alguma chance de comer a poeirinha do alemão, se é que conseguiria chegar a tempo para isso.

Puxa, na época do Senna, era mágico acordar cedo no domingo para ver o duelo do brasileiro com o francês Allan Prost ou contra os ingleses Damon Hill e Nighel Mansel. As ultrapassagens eram mágicas e os duelos épicos, dentro e fora dos autódromos. Senna tinha uma língua afiada e um orgulho inabalável. Os corações do público palpitavam em um uníssono em todo o planeta quando as disputas começavam. Como por exemplo no GP de Interlagos em 1993, quando Prost e Hill tinham um carro extremamente superior ao de Senna e mesmo assim o brasileiro conseguiu uma épica vitória sobre os dois, aproveitando-se com extrema habilidade da chuva que caiu no meio da prova. Damon Hill foi o segundo lugar na corrida, chegando como retardatário (se bem me lembro). Michael Shumacher, que estava em ascensão na época chegou em 3º.

Vettel comemora a vitória de seu carro na Bélgica
Hoje os noticiários são mais ou menos assim: "Vettel vence na Bélgica e está 46 pontos na frente de Alonso, indo tranquilo para mais um título". O alemão vai para seu quarto título seguido, na maior facilidade, quase tomando um suquinho enquanto espera seus "adversários" chegarem, com muito esforço, muito atrás do desempenho de seu carrão ultra turbinado. Alguém deveria propor um desafio qualquer dia desses, para ver se quebra um pouco a rotina. Muda Alonso e Vettel de carro para ver se o resultado continua sendo o mesmo. Vamos ver se o alemão além de vitorioso é genial também? Quem sabe assim haverá alguma chance de o brilho dos tempos de Senna reluzir para além das miniaturas que enfeitarão as estantes de ricos colecionadores a partir do ano que vem. Quem sabe, a alegria desse esporte possa ser desfrutada de novo por outras classes sociais além das mais abastadas e mais "entendidas" no assunto.

Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de futebol e MMA.   

Fontes: Wikipédia, Site Globo.com, Site Grande Prêmio, Site Folha UOL, Site Esporte.IG, 

Leia Também:

Cobertura em tempo real do mundial de judô!

Valdívia não se recupera e está fora do duelo do Palmeiras pela Copa do Brasil!

Botafogo vende Vitinho ao CSKA de Moscou!           

Jogador do Vasco sofre assédio de clubes mexicanos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário