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Jogadora de handebol Hanna Mouncey |
O mundial de Handebol de 2019 já reacendeu uma polêmica que ganhou os noticiários esportivos nos últimos anos. Nesta última temporada, a jogadora australiana Hannah Mouncey, nascido homem (Callum Mouncey) e tendo iniciado sua transição para um corpo de mulher em 2015, foi autorizada pela Federação Internacional de Handebol (IHF) a disputar campeonatos oficiais pela modalidade feminina. Ela ajudou a sua seleção a conquistar o quinto lugar no campeonato asiático deste ano, o que garantiu ao time de mulheres da Austrália uma vaga no próximo mundial, podendo até se encontrar com o Brasil, dependendo do andar da competição.
A inclusão da jogadora com certeza vai dar o que falar, especialmente se ela tiver algum desempenho identificado como ‘excelente’ – pior ainda se for considerado acima da média. Principalmente pelo fato de, como já destacamos, a discussão ter precedentes.
Critérios em evolução
Primeiro, em 2015, o Comitê Olímpico Internacional (COI), autorizou a participação de atletas trans nas modalidades femininas, impondo, claro, condições para tal. Inicialmente, a atleta oriunda do sexo masculino deveria já ter realizado a cirurgia de mudança de sexo e deveria ter pelo menos dois anos desde realizada a transição hormonal. Em 2016, o COI relaxou os critérios e deixou de exigir a cirurgia, sendo que a atleta poderia participar do esporte feminino tendo apenas um ano de mudança no regime hormonal. Neste quesito, a convenção para permitir a atleta trans a participar das competições oficiais é que seu sangue deve ter uma concentração de testosterona (hormônio masculino também presente em organismos femininos, em quantidades baixas) deve ser inferior a 10 nmol por litro de sangue (nmol/L).
Só para se ter uma vaga idéia de senso comum dessa medida, um mol é a quantidade de entidades microscópicas de constituição da matéria (átomos, moléculas, íons ou elétrons) que cabem em 0,012 kg de carbono ionizado positivamente em 12. Calculado, isso equivale a 6,022 quantidades microscópicas multiplicadas por 10 elevado à 23ª potência (6,022 × 1023). Essas unidades foram convencionadas assim para ser possível ao ser humano calcular essas quantidades em um nível micro, já que esse número aí equivale a sextilhões de quantidades. Um nanomol é esse número dividido por 1 bilhão.
Jogadora de vôlei do Brasil causa polêmica mundial
Então, o segundo precedente a gerar polêmica mundialmente falando é aqui do Brasil (“pusta” orgulho pra “nóis”, hein!). A jogadora de vôlei, Tifanny Abreu, nascida Rodrigo Pereira de Abreu, foi a primeira jogadora trans a disputar a Superliga Feminina de Vôlei do Brasil (pelo Bauru, de São Paulo), autorizada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) em 2017 . Se uma atleta trans tem que ter menos 10 nmol de
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Tiffany, durante treino pelo Bauru |
moléculas de testosterona por litro de sangue, Tiffany é constantemente testada e está na média de 0,2 nmol/L – menos de 10 vezes abaixo do que a quantidade permitida e inferior ao que uma mulher adulta possui em média, que é de 0,5 a 3 nmol/L.
Mesmo estando em quantidades muito baixas de testosterona – hormônio que lhe daria dimensões musculares aumentadas – o bom desempenho de Tifanny fez com que jogadoras e clubes do Brasil questionassem sua participação no esporte feminino. Seu ótimo rendimento poderia ser fruto de já ter disputado entre 2008 e 2014, torneios masculinos, tendo desenvolvido desempenho pulmonar superior ao que atletas mulheres desde o nascimento conseguem; além de estrutura muscular e óssea.
Por outro lado, as mesmas jogadoras que reclamam não querem vê-la excluída do esporte, devido a todo o esforço que ela fez na vida para poder se tornar uma atleta – enfrentou uma infância pobre em Goiânia e, no vôlei, todo um histórico de depressões e discriminações.
O que pensa o Rei da Bahia FC
É necessário entender nesta polêmica que a questão de gênero puramente não pode ser o centro das discussões. Pessoas transsexuais são seres humanos que nasceram com um sexo mas cujo cérebro só se reconhece no sexo oposto. Não é uma doença. É uma condição biológica, psicológica e social que se constitui em um fenômeno comum na espécie.
Por isso, o Rei da Bahia FC pensa que essas atletas devem sim ter a oportunidade de disputar o esporte feminino, mas elas devem ser observadas cientificamente ao longo de suas trajetórias e comparadas em desenvoltura com as atletas que são mulheres desde o nascimento. A observar se essas esportistas têm vantagem biológica comprovada sim ou não.
Se não, sua inclusão deve ser garantida por direito. Caso haja vantagens das esportistas trans sejam comprovadas objetivamente, deve se estudar como a inclusão dessas atletas será feita, de modo que elas estejam em condição biológica de igualdade com as demais competidoras. O fato de terem mudado de sexo na vida, pura e simplesmente, não pode ser o critério.
E você leitor? O que acha da polêmica? Poste o que você pensa nos comentários desta postagem. O Rei da Bahia FC quer ouvir o que você pensa!
Fontes: sites Globo.com, UOL Esporte, Wikipédia, Portal de Química SOQ, Yahoo Respostas e Site Exame de Sangue.
Leia também: Atacante de 33 anos marca história como primeira atleta trans do futebol espanhol.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBastante polémico penso que a formacao muscular é diferente, porem os estudos hormonais mostram que sim. Entao vamos festejar mais uma Vitoria das trans.
ResponderExcluirÉ lamentável que a transexualidade ainda necessite de estudo em pleno século XXI. Acredito mesmo é que necessite de mais matérias como essas pra mostrar a equidade. Parabéns!
ResponderExcluirParabéns
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