Athlético Paranaense levanta sua 1ª taça interncional |
Sabe aquela história de usar eufemismos para falar das
necessidades fisiológicas básicas que fazemos no banheiro? Pois é! Ontem (12) o
Athlético Paranense fez um número 2 na Arena da Baixada, em Curitiba, diante do
Júnior Barranquilla da Colômbia e se sagrou, nos pênaltis, campeão da Copa Sul-americana
de 2018 – apelidada carinhosamente de “Sula”. Pablo abriu o placar aos 26
minutos do primeiro tempo após roubada de bola de Pereira no ataque, que
acionou Rafael Veiga, que, por sua vez, acertou um passe preciso deixando o
centro-avante atleticano na cara do gol na entrada da área. Pablo bateu no canto
direito do goleiro Viera, que ainda tocou na bola mas não conseguiu evitar que
as redes do Jr Barranquilla balançassem.
A decisão ganhou contornos de drama quando, aos 12 minutos
do segundo tempo, Barrera cobrou escanteio pela esquerda do ataque colombiano em
direção ao centro da grande área athleticana e Jefferson deu uma casquinha para
o cabeceio de Teo Gutierrez livre na entrada da pequena área empatar a partida.
A partir daí, o time colombiano assumiu o controle do jogo e desperdiçou várias
oportunidades na cara do gol. A defesa do Athlético perdeu a concentração e se
enrolou em vários lances.
Por um triz!
Com o fim do jogo em 1 a 1, a partida foi para a prorrogação
com o Athlético dando sinais de cansaço e fraqueza na partida. Seu principal
atacante e autor do gol, Pablo, mancava e permanecia em campo no sacrifício. O
drama aumentou quando logo aos 3 minutos do primeiro tempo da prorrogação Teo
Gutiérrez acertou um lindo passe para Gonzalez sair na cara do goleiro Santos,
do Athlético, pela direita da pequena área. O atacante colombiano driblou Santos,
que foi obrigado a derrubá-lo para impedir o gol. Pênalti para o Júnior
Barranquilla! Se fizessem o gol, os colombianos dificilmente perderiam, já que
o Athlético se arrastava em campo e pouco ameaçava no ataque.
Barreira, o número 10, destaque do Júnior Barranquilla na
partida, principal articulador do time, correu para a bola, bateu no alto do
canto direito do goleiro Santos, que já tinha pulado para o lado contrário, sem
chance de defesa e a bola vai... pra fooooooraaaa! A torcida comemorou como um
gol. Olhos aguados e preces atendidas no mar rubro-negro curitibano. A partir daí, terminava o drama grego
Athleticano e começava a novela colombina. Barrera ficou tão abalado, que
precisou ser substituído. Aos prantos, o jovem meia era o retrato do sentimento
que tomou conta do Júnior Barranquilla a partir daí; a sensação de que o título
escorregava por entre os dedos depois de chegar tão perto.
Nos pênaltis, Narvais converteu deslocando Santos o primeiro
do Júnior. Jonathan empatou para o Athlético logo na sequência com cobrança
segura. Fuentes correu para bola, deslocou Santos e acertou a trave esquerda do
goleiro Athleticano, desperdiçando a segunda cobrança do Júnior Barranquilla e
explodindo a Arena da Baixada. Um dos principais nomes do Athlético, Rafael
Veiga corre para bola e converte sua penalidade, deixando o clube brasileiro na
frente. Perez, por sua vez converte para os colombianos, mantendo os visitantes
com chances. Bergson também confirma sua cobrança mantendo a vantagem do time
da casa na disputa. Foi quando o astro do Barranquilla, centroavante matador,
autor do gol de empate, Teo Gutiérrez foi para a bola e... por cima do gol!
Renan Lodi poderia ter acabado com tudo, mas também perdeu, porém o Atlhético
tinha ainda um gol de vantagem. O goleiro Vieira conseguiu superar Santos e
empatou as cobranças, dando esperança aos colombianos. Mas Thiago Heleno acabou
com o sonho do Junior Barranquilla convertendo com força e precisão a última e
derradeira cobrança do Athlético Paranaense decretando por 4 a 3 nas
penalidades a vitória do time brasileiro.
Dois iniciantes e um
único vencedor
Era a primeira final do time colombiano em competições
internacionais. Era a segunda do Athlético (em 2005 fez a final da Libertadores
com o São Paulo, que acabaria se sagrando campeão daquele ano), que não
desperdiçou a oportunidade e entrou para a lista dos times campeões da
Sul-americana. O primeiro título internacional da história do Athlético premia
um clube que trabalha para ter estrutura de time europeu em plena América do
Sul, continente que vive crise crônica em seu futebol. O time tem centro de
treinamento de dar inveja até a vários gigantes do Brasil e do continente. A
Arena da Baixada é o único estádio do país com teto retrátil, possibilitando a
realização de jogos nos dias de chuva intensa. Este ano, por exemplo, o
primeiro jogo entre Boca Júniors e River Plate pela decisão da Libertadores, no
estádio La Bombonera, teve que ser adiado para o dia seguinte porque as fortes
chuvas do dia deixaram o gramado inviável para a partida. Se fosse o Atlhético
nessa final, isso não tinha acontecido.
O título de ontem abriu chance do “Furacão” Paranaense
conquistar mais duas competições internacionais, a Recopa Sul-americana, que
será disputada no ano que vem com o atual campeão da Libertadores (o River
Plate da Argentina), e a Copa Suruga, no Japão, contra o time vencedor da Liga
Japonesa. Ontem o Athlético garantiu R$ 17 milhões como prêmio pelo título da
Sula-americana. Mesmo que perca nas outras duas competições para as quais se classificou
com o título de ontem, já tem assegurado mais R$ 8 milhões em premiações.
O mais europeu dos brasileiros agora tem o desafio que só os
gigantes do futebol enfrentam, chegar ao nível de vencer em uma competição
intercontinental. Para isso, terá que vencer uma Libertadores e chegar a um
mundial de clubes. Mas isso não importa agora. Remodelando o ditado, vamos
deixar pro amanhã o que não podemos fazer hoje.
O que importa agora é que, ontem, o Athlético Paranense fez
o número 2 para se tornar o número um da “Sula”.
Paolo Gutiérrez é (meio) jornalista e amante do futebol.
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