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Novo escudo do Athlético |
Hoje, quarta (12) tem um jogaço logo mais à noite. O
Atlético Paranaense, que mudou de escudo e alterou o nome – será “Athlético”
Paranaense a partir de agora – decide a final da Copa Sulamericana 2018 contra
o Junior Barranquilla (Colômbia), no estádio Arena da Baixada, em Curitiba, às
21h45, hora de Brasília. Há uma semana atrás, no jogo de ida, o Athlético não
esteve tão bem em campo, mas, mesmo assim, empatou em 1 a 1, e agora decide em
casa a segunda competição mais importante da América do Sul. Precisa vencer
para se sagrar campeão. Em caso de empate, haverá prorrogação, e, persistindo a igualdade no placar, teremos
a adorável (só porque não é meu time que ta jogando) decisão por pênaltis.
Para o Athlético, ser campeão é conseguir uma premiação de
aproximadamente R$ 25 milhões, classificação direta para a fase de grupos de um
campeonatozinho que vai ter ai ano que vem, (ninguém menos que) a Libertadores
de 2019, classificação para a decisão da Recopa Sulamericana, e ainda se
classifica para a Copa Suruga, no Japão, torneio oficial realizado em jogo
único contra o campeão da Copa da Liga Japonesa. O atualmente mais europeu dos
brasileiros faz a sua segunda final em competições sulamericanas – em 2005 foi
vice da Libertadores em disputa com o São Paulo.
Por que o “mais europeu” dos brasileiros? Este ano, o
Athlético teve um técnico chamado Fernando Diniz, que tentou implementar uma
filosofia de jogo na qual o time sai sempre jogando com passes, não importa o
quanto o adversário pressione a saída de bola no campo de defesa – o normal é a
equipe ficar acuada e, pra evitar perder a bola perto de seu próprio gol, dar
um chutão pra frente. Esse estilo de
jogo é o mais comum na Europa, principalmente depois da era Guardiola à frente
do Barcelona, entre 2008 e 2012. De fato, o popular chutão afasta o perigo da
zaga, mas não garante a posse de bola para tentar chegar ao ataque com
eficiência. Não acho errado que se copiem boas iniciativas do futebol de outros
lugares e que se apliquem aqui. O problema é que isso é sintoma de uma doença
do nosso futebol ganhando contornos de uma endemia, ano após ano. Perdemos o
protagonismo no futebol moderno.
O Athlético está mudando de ícone na camisa. Saiu do tradicional
escudo com as iniciais do clube para outro feito em detalhes simples com linhas
retas grossas dispostas em um cone ao contrário, fazendo alusão a um furacão,
apelido do time desde 1949. A mudança é muito similar à mudança recente que a
Juventus da Itália promoveu em seu escudo – lá as retas grossas formam a letra ‘J’.
Estamos deixando de criar para sermos cópias mal feitas do continente em que o
futebol está evoluindo de verdade. Para além de uma semelhança de escudos. Deixamos
de produzir craques no nível que produzíamos antes, o que está nos forçando a
uma mudança no jeito de jogar. Estamos importando os conceitos europeus porque
já não criamos conceitos próprios, nem mesmo osmoticamente pelo fato de
revelarmos jogadores bons para dar e vender .
Nosso material humano caiu de nível a olhos vistos. Não vejo
os atuais bons jogadores brasileiros, especialmente os que estão na Europa, no
nível dos craques de gerações anteriores. Por exemplo, Gabriel Jesus, nosso
último centroavante a ocupar a posição de goleador da seleção brasileira na
Copa da Rússia este ano, está abaixo do nível que Careca, centroavante da
seleção na Copa de 90, por muito. Phelippe Coutinho não está no nível de um
Sócrates. Se a gente pegar o jogador que foi considerado o craque do
Brasileirão este ano, Dudu, atacante do Palmeiras, ele não chega a algo
parecido com Renato Gaucho. E por ai vamos em frente fácil. Temos algum meia no
nível de Raí? No nível de Zico? No nível de Alex? Atacantes no nível de Edmundo
ou Evair? De Sávio? Marcelinho Carioca? Estamos gerando algum nome da categoria
de Ricardinho, César Sampaio ou Juninho Pernambucano? Temos jogadores bons, mas
não estão no nível do que presenciamos na história geral do futebol brasileiro.
O único que parece estar em algum patamar parecido é Neymar. E olha que só
falei de jogadores antigos que não foram campeões do mundo com a seleção. Se
formos perscrutar por alguém que chegue nos pés de Romário, Bebeto, Rivaldo ou
Ronaldo Fenômeno, chegaremos ao patamar da frustração. Se formos falar de
Rivelino, Pelé ou Garrincha então, cometeremos suicídio nos atirando do alto da
sola de nossas Havaianas usadas.
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Atual escudo da Juventus |
vanguarda do futebol. Mas temos que voltar a fazer o futebol superior voltar a ser coisa da América do Sul, coisa do Brasil.
Ou investimos no esporte como se deve investir,
ou não passaremos de uma imitação barata, uma “Ôropa” fazendo o papel de sombra
para a Europa, hoje absoluta no futebol mundial.
Paolo Gutiérrez é (meio) jornalista e amante do futebol.
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