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Foto: Tullio Puglia/Fifa/Getty Images Messi não tem jogadores ao seu lado como melhor do mundo |
Milão (Itália) - Em cerimônia do evento Fifa The Best realizada nesta tarde (23), no Teatro alla Scala, argentino Lionel Messi, camisa 10 do Barcelona e principal craque da seleção da Argentina na atualidade, faturou o prêmio de melhor jogador do mundo. É a sexta vez que 'La Pulga', como é conhecido no meio do futebol, chega ao topo dos prêmios individuais para um futebolista na temporada. Agora ele é o jogador a conquistar a honraria mais vezes entre os homens, e igualou a brasileira Marta, que é a maior vencedora entre as mulheres.
O grande concorrente dele nos últimos anos, melhor do mundo em 5 oportunidades, o português Cristiano Ronaldo (CR7), não ficou nem como segundo desta vez, sendo desbancado pelo defensor do Liverpool (atual campeão europeu), o holandês Van Dijk, que por sua vez foi eleito o melhor jogador da Europa recentemente.
Messi chegou à preferência dos jurados com um desempenho elogiável na temporada 2018-2019, com 54 gols em 56 jogos, contando com jogos na seleção e no clube - é uma média invejável de quase um gol por jogo. Além disso, também foi destaque em assistências na temporada, com 19 passes que deixaram seus companheiros na cara do gol - e que eles marcaram. Ninguém fez ou se envolveu em gols diretamente tanto quanto ele.
No mesmo período, CR7, que operou uma transferência do Real Madrid da Espanha para a Juventus da Itália no início da temporada, marcou 28 gols em 44 jogos - menos jogos e menos gols do que o argentino, uma média muito inferior. Soma ainda 10 assistências, nove a menos que 'La Pulga'.
Significado do prêmio
Mas, o que significa essa eleição (merecida) de Messi como melhor do mundo na atualidade, pela sexta vez seguida? Que ele é melhor que Cristiano Ronaldo? Talvez. O português tem até agora 696 gols em 960 jogos, enquanto Messi tem 671 em 835. Cristiano ainda tem uma conquista de Champions League a mais (o maior torneio continental de clubes do mundo) - 5 contra 4 - e dois Mundiais de Clubes da Fifa a mais - 5 contra 3. Além de tudo, dois títulos com a seleção principal de seu país, a Eurocopa de 2016 e a Liga das Nações da UEFA 2018-2019, sendo que Messi não tem nenhum.
Por outro lado, Messi tem uma medalha de ouro com a seleção sub-23 da Argentina. Se CR7 tem mais gols em termos absolutos, La Pulga tem média superior de vezes marcada por partida. O português tem 0,725 gol por jogo enquanto o argentino tem média de 0,803 gol por jogo. Em copas os dois foram iguais, brilharam na primeira fase das duas últimas (2014 e 2018), mas Messi disputou uma final e CR7 nunca nem chegou perto. E agora tem um título de melhor do mundo a mais.
A verdade é que a discussão vai longe e bem provavelmente os fãs de cada um ainda estarão discutindo quem foi melhor até daqui a uns cem anos. E isso claro, suas carreiras não terminaram, e outros fatores de desequilíbrio ainda poderão acontecer.
Para mim, o que este prêmio significa é que o Brasil deixou de produzir super craques com carreiras bem sucedidas e bem encaminhadas capazes de chegar pelo menos entre os postulantes à premiação individual de jogadores mais importante entre todas. Este ano, por exemplo, NENHUM brasileiro figurou entre os 10 melhores, quem dirá ter chance de vencer.
Kaká foi o último grande jogador nosso a conquistar o topo mundial dos jogadores, quando foi coroado como melhor jogador do planeta em 2007. De lá para cá, Messi e CR7 se revezaram em todas as conquistas, exceto em 2018, quando o meia croata Luka Modric recebeu o prêmio pelo seu desempenho e liderança como melhor jogador de sua seleção na Copa do Mundo da Rússia, ano passado.
A premiação de "melhor do mundo" no futebol começou a ser realizada desde 1991, com 29 edições (contando com a de hoje), sendo que um brasileiro a conquistou em 8 ocasiões. Até Kaká em 2007, eram 8 conquistas em 17 edições - quase a metade. Depois de Kaká, nenhum brasileiro em 12 edições.
É isso! O prêmio para Messi hoje significou a consolidação dessa tendência e é, na minha opinião, mais um sintoma de que a falta de investimentos mais substanciais do país no esporte está diminuindo a qualidade do material humano das nossas gerações de jogadores de futebol - esse que desde sempre foi o trunfo do Brasil sobre os europeus, eles sempre tiveram a tática e nós os supercraques capazes de superar essa tática.
Haverá solução?
Isto não é papo de romantismo de romantismo comunista. Esse investimento inexistente hoje prejudicará (como já está prejudicando) o futebol brasileiro como negócio lucrativo. E já está sendo o responsável pelos sucessivos fiascos que temos acumulado nas Copas do Mundo, momento único da expressão do nosso orgulho nacional. Também não é uma discussão restrita aos amantes do futebol. A falta de investimento no esporte está no mesmo balaio da falta de investimento em outros setores, como saúde, educação e segurança.
Ou paramos de achar que o futebol continuará brotando por milagre das classes mais pobres, dizimadas cada ano mais por polícia, traficantes, milicianos e pelos seus próprios integrantes, e investimos no nosso esporte de verdade, ou vamos perder de vez o brilho de nosso amado esporte, tão arraigado em nossa identidade patriota.
Neymar, que seria o único aparentemente com capacidade de conseguir chegar a "melhor do mundo" conduziu sua carreira equivocadamente e já está com 27 anos. De acordo com o que a ciência coloca sobre o auge de um atleta de alto rendimento, que acontece entre 24 e 28 anos, ele teria pouco mais de dois anos para conseguir.
Ou fazer como Messi e CR7, conquistando o prêmio mesmo depois dos 30 anos, mas, honestamente, ele não parece muito focado na missão.
[Clique aqui e confira a matéria do site Globo.com, com a pontuação de todos os concorrentes, com a lista de todos os vencedores ano a ano, premiação no feminino e mais detalhes]
[Clique aqui e confira a matéria do site Globo.com, com a pontuação de todos os concorrentes, com a lista de todos os vencedores ano a ano, premiação no feminino e mais detalhes]
Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de futebol e MMA.
Fontes: Site Globo.com, Wikipédia, site Goal.com, site veja/abril e Google Search.
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