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Foto: Gustavo Rabelo/Photopress/Estadão Conteúdo Mano Menezes, o novo "bombeiro" do Palmeiras |
A imprensa esportiva confirmou na manhã de hoje (3) que Mano
Menezes é o novo técnico do Palmeiras. Ele substitui o treinador mais histórico
da trajetória do clube desde a icónica década de 1990, Luis Felipe Scolari, o
Felipão. Mano terá pela frente um cenário nada favorável. De acordo com
levantamentos feitos pelo canal de TV por assinatura Fox Sports, as redes
sociais dão sinal de que a grande maioria da torcida alviverde repudia o novo
técnico, sendo que no twitter uma Hashtag para comunicar essa insatisfação estaria
entre os tópicos mais comentados em São Paulo – o que no mundo virtual voltado
ao futebol significa muito.
Fora isso, o clima político palmeirense é o pior possível.
Ao que parece as diversas facções que compõem o panteão de caciques no porco não
se entendem em várias questões, principalmente na discordância sobre a
permanência ou não do diretor de futebol do clube, Alexandre Mattos,
responsável pelas contratações de jogadores no Palmeiras desde 2015. Ai a
complicação passa pelo envolvimento direto da patrocinadora do time, a dona da
financiadora Crefisa, Leila Pereira, que seria, de acordo com as especulações,
quem está insistindo na permanência de Mattos no cargo, contra a vontade das
demais forças políticas da equipe paulista.
O que chama a atenção é o fato de que a demissão de Luis
Felipe Scolari abre uma discussão de como é curioso o critério usado no Brasil para
avaliar o desempenho de um treinador. Ano passado, o treinador do Palmeiras era
Roger Machado (que hoje faz um bom trabalho no Bahia). Ele tinha perdido o
Campeonato Paulista para o Corinthians, em casa, mas tinha a melhor campanha na
Libertadores, que é o sonho de consumo do alviverde. Perdeu alguns jogos no
Brasileiro e foi demitido por isso. Especula-se que a derrota no estadual, que
é um campeonato abertamente menosprezado pelo Palmeiras – seu presidente chegou
a chamar a competição de “paulistinha”, insinuando um caráter de insignificante
do campeonato, é que teria sido o início do fim para Roger.
Abraçado com a vontade de reviver a década de 90, quando o
Palmeiras teve sua última sequência avassaladora de títulos – conquistando tudo,
menos o mundial de clubes –, contratou o técnico responsável pelo único título
da Libertadores do clube, o Felipão. Scolari, inclusive, foi chamado por ser
famoso em ótimo desempenho nas competições do tipo mata-mata (justamente o
formato da Libertadores). Ele perde em todas as competições com essa fórmula,
vencendo a única competição de pontos corridos entre as disputadas pelos times
do país, o Campeonato Brasileiro.
Venceu, a torcida comemorou, o time tirou onda de único deca-campeão
do principal torneio do Brasil, etc. Felipão ainda começou de forma
avassaladora o Brasileirão deste ano, emplacando uma invencibilidade de 33
partidas consecutivas, entre a edição do ano anterior e a atual, feito inédito
na história do futebol brasileiro. Foi eliminado pelo Grêmio nas quartas de
final da Libertadores, semana passada, e, no último domingo, sofreu uma derrota
expressiva para o Flamengo, time com melhor desempenho atualmente no país e na
América do Sul, por 3 a 0.
O Palmeiras tirou o Felipão porque estaria sua nação cansada
do futebol pouco bonito em termos ofensivos e contratou Mano Menezes, que é um
técnico identificado pela crítica, opinião pública e pelos mesmos trabalhos que
fez até agora, como um treinador de tendências similares em muitos aspectos às
de Scolari.
Roger Machado, foi demitido ano passado tendo como desculpa
do clube a derrota no paulista, como já afirmamos, e a derrota para o Fluminense
em partida válida pelo Brasileirão. As duas competições menos valorizadas pelo
Palmeiras lhe causaram a demissão, ele ia muito bem na Libertadores e na Copa
do Brasil, os mata-mata sonhos de consumo do Palmeiras. Felipão assume e perde
nessas competições quer eram o principal objetivos e se segura no cargo por
vencer... o Brasileirão.
Agora é demitido tendo como estopim uma derrota no Brasileirão
e um dos agravantes foi não ter avançado até a final, pelo menos, no Paulista;
as duas competições menos valorizadas pelos clube e torcida. Tudo bem, sofreu
eliminações na Copa do Brasil e Libertadores, os principais objetivos, e isso
teve o maior peso, mas não deixa de ter alguma contradição. Se ele permanecesse
na liderança do Brasileiro e tivesse conquistado o título paulista teria
maiores chances de se segurar, pela lógica ai posta.
E o técnico contratado agora, Mano Menezes, trabalha
ajeitando a defesa primeiro para depois pensar em atacar, mais um “retranqueiro”
buscando “mudar” a filosofia que ai estava. Roger Machado foi demitido estando
bem nas competições preferidas e insucesso nas preteridas, Felipão é demitido
por ter insucesso nas preferidas e seu atual sucesso em uma das preteridas (é o
atual campeão brasileiro). Soma-se a isso, o fato de que, apesar de ter caído
do primeiro para o quinto lugar na tabela do Brasileirão 2019 [Clique aqui e confira a Tabela do Brasileirão 2019!], ele entrega um
time que está na disputa pelo título do mesmo Campeonato Brasileiro, competição
que o segurou no cargo ano passado.
Conclusão, os clubes no Brasil, salvo algumas exceções, NÃO
TEM LINHA DEFINIDA DE TRABALHO! Seus comandantes são administradores tomados
pela emoção do momento, indo do céu da arrogância com os demais quando os
resultados são positivos à TPM do ‘nada presta’ logo na primeira derrota mais
significativa.
Essa tem sido a (i)lógica dos parâmetros que levam a
contratar ou a demitir um técnico no Brasil.
Paolo Gutiérrez é jornalista e comentarista de
futebol e MMA.
Fontes: Programação Fox Sports e site Globo.com
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